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3 de abril de 2011

Cresce o uso de anabolizantes e de suplementos alimentares por mulheres

Vencedora da 11ª edição do Big Brother, Maria Melilo não tem corpo masculinizado, mas sua voz engrossou
Foto:  Extra  /  Extra

Há limites na busca por um corpo sarado? Como em todas as edições do Big Brother Brasil, a 11ª veio lotada de musas. Mulheres de corpos esculpidos, marinados à beira da piscina em biquínis minúsculos. Uma delas, porém, abalou o pensamento de que as moças trazem as medidas perfeitas de berço ou apenas da academia.
A vencedora Maria Melilo, em conversa com as outras sisters, admitiu que faz uso de esteroides anabolizantes, substâncias à base de testosterona, ilegais para fins estéticos. Sua voz grave já despertava suspeitas. Além de confirmá-las, ela expôs os efeitos colaterais do uso.
"É muita testosterona, não menstruo mais faz tempo", contou no programa. Maria confessou ainda que seu clitóris aumentou de tamanho, outra consequência do uso. Não há dados sobre a quantidade de mulheres que tomam anabolizantes, mas basta uma olhada mais atenta nas academias, praias e revistas — vide o carnaval de 2011 — para ver que o padrão estético feminino, que já foi baseado em curvas, hoje é sustentado por músculos. E, para consegui-los, elas recorrem a qualquer artifício. Em última instância, aos anabolizantes.
Musculosa e feminina
A maioria, no entanto, prefere conservar as características femininas. Em vez de um corpo bombado, querem definição muscular. É nessa onda que os suplementos alimentares ganham mais status. Seja qual for o objetivo da mulher, hipertrofia muscular, definição ou emagrecimento, eles podem auxiliar na dieta e trazer resultados satisfatórios.
— O que mais escuto no consultório é: quero ficar igual à Deborah Secco. Ela conseguiu um percentual de gordura baixíssimo, mas dentro de um padrão saudável, e mantendo as características femininas —, conta o nutricionista Vinícius Alencar, especialista em suplementação alimentar.
Apesar de terem a venda liberada, o consumo indiscriminado de suplementos pode trazer consequências graves ao corpo feminino. Mais do que isso, vários deles conseguem acelerar o processo de ganho de massa magra, o que leva muitas delas a perderem o controle diante dos resultados e malharem até ficar com características masculinas. A reportagem conversou com especialistas para entender melhor quais são as vantagens e as desvantagens desses produtos.
Para não confundir
:: Anabolizantes ou esteroides androgênicos anabólicos
São hormônios sintéticos feitos a partir da testosterona, que garantem traços característicos de crescimento muscular e androgênicos, ou seja, de caracteres sexuais masculinos. São indicados em casos de tratamento para reposição hormonal em homens, anemia, alguns tipos de câncer e atrofias musculares derivadas de algumas doenças ou acidentes. Sem prescrição médica, o uso é ilegal.
:: Suplementos alimentares
As vitaminas e os aminoácidos encontrados nos alimentos nem sempre são suficientes para suprir as necessidades diárias do corpo humano, especialmente naqueles que praticam atividades físicas. Os suplementos alimentares foram criados para garantir que esses itens pudessem ser repostos sem a necessidade da ingestão de comida. São concentrados de vitaminas, aminoácidos e até mesmo queimadores de gordura sintetizados a partir dos alimentos, na forma de pílulas e vendidos em farmácias e lojas especializadas.
>>> Uso de suplementos alimentares e vitamínicos exige cuidados

Perigos reais
A vencedora da 11ª edição do Big Brother Maria Melilo não tem o corpo masculinizado. Apesar disso, sua voz é grave e ela já confessou outras consequências que os anabolizantes trouxeram ao seu corpo, como a hipertrofia do clitóris. Essas consequências são irreversíveis.
De acordo com o endocrinologista João Lindolfo Borges, os problemas externos são ainda pequenos se comparados aos riscos trazidos a certos órgãos.
— Não existe nenhuma indicação de esteroides anabolizantes para o corpo feminino. Nelas, só foram analisados prejuízos, que vão desde mudança no timbre da voz até falências hepáticas que podem originar um câncer.
Nos homens mais velhos, em alguns casos, eles são usados como repositores hormonais. O médico explica que a aplicação, em mulheres, causa um aumento da agressividade, bem como alterações no ciclo menstrual, que podem levar à infertilidade.
O mais curioso, para o médico, é que o uso dessas substâncias é mais comum entre aquelas com maior poder aquisitivo, que teoricamente teriam mais acesso às informações sobre os riscos.
— Elas sabem sim do perigo que estão correndo, mas a ditadura da beleza faz com que percam o medo — , arrisca um palpite.
Apelo ao corpo perfeito
O educador físico Breno Martins diz que é perceptível nas academias o aumento do consumo de anabolizantes por mulheres. De acordo com ele, a despeito dos esclarecimentos, o apelo do corpo perfeito é superior à preocupação.
— Há um aumento do consumo, principalmente entre as mulheres mais velhas, que têm o metabolismo mais lento. Elas se sentem obrigadas a estarem bonitas, como se isso fosse necessário para serem aceitas no meio social — , acredita.
Não há níveis seguros para o consumo de esteroides anabolizantes. Segundo João Lindolfo Borges, é como uma roleta russa.
— É como perguntar quanto, por exemplo, de cocaína um usuário pode cheirar? Cada um tem seus limites — afirma. Nas academias, quase sempre é aparente quando uma mulher resolve se valer deles para conseguir resultados mais rápidos.
De acordo com o educador físico Marco Paulo de Paoli, ainda há aquelas que usam pouco, mas que a mudança na voz é rápida.
— Ser muito forte não é uma característica da mulher. O que foge muito do padrão pode se tornar perigoso. Saúde não é estética e estética não é saúde. A maioria das mulheres ainda quer ser sarada. E muitas que se tornaram bombadas, se arrependeram depois.

CORREIO BRAZILIENSE

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