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16 de janeiro de 2011

Fortaleza - Filme retrata rota do charque

O boi como colonizador do sertão. Animal criado solto na Caatinga permitiu a incursão de populações sertão adentro, que se instalariam próximas aos rios, principal referência num ambiente desconhecido e sujeito a estiagens. No século XVIII, uma técnica de salga e secagem da carne e do couro do boi permitiu que a capitania do Ceará desenvolvesse sua primeira atividade econômica de relevo: as oficinas de charque.
A trajetória econômica e social das charqueadas, que forjou no Ceará o que Capistrano de Abreu chamaria de "civilização do couro", é o tema do documentário "Charqueadas: ensaio à história das rotas e fábricas de carnes do Ceará", do jornalista Roberto Bomfim. A equipe de 22 pessoas segue para Icó, a fim de refazer uma das principais rotas do charque, seguindo a rota dos Rios Salgado e Jaguaribe.
Roteiro
Após pesquisar obras históricas que tratassem do tema, Roberto Bomfim gravou depoimentos junto a nomes como Valdelice Girão, Francisco Pinheiro (atual titular da Secretaria da Cultura), Juarez Leitão, entre outros. As filmagens foram iniciadas na última sexta e devem se estender pelos próximos 15 dias.
"Queremos sentir como era a vida daqueles vaqueiros. Por isso faremos parte do trajeto em cavalos. Vamos dormir em barracas nas fazendas e seguir caminho nas estradas abertas pelos vaqueiros do século XVIII", afirma o documentarista.
O ponto final das gravações é o encontro do Rio Jaguaribe com o mar. Era na Vila de Santa Cruz de Aracati que funcionava o principal porto, de onde o charque seguia para Bahia, Pernambuco, Maranhão e Rio de Janeiro. O couro era exportado para a Europa.
A produção tem orçamento de R$ 160 mil, financiada pelo Edital Mecenas do Ceará, da Secult, e com patrocínio da Coelce. A ideia é fazer um vídeo-documentário de 50 minutos, a ser lançado em junho e exibido nas cidades por onde a expedição passou. O jornalista também pretende publicar, no segundo semestre, um diário de bordo.
Identidade
Pelo caminho, a equipe de filmagem também vai em busca de vaqueiros, ribeirinhos, comerciantes e memorialistas locais. Os depoimentos desses personagens servirão para compor o impacto das charqueadas no cotidiano, na economia, na relação com o ambiente e na cultura dos habitantes do interior cearense.
"Uma coisa que eu sempre busco em meus trabalhos é evidenciar um momento específico da história do Ceará. E faço isso para que os cearenses possam conhecer o Estado, porque infelizmente essa história não é contada, está se perdendo. O que eu quero é tentar mostrar esse Ceará que existiu e cresceu a partir dessa civilização do gado", ressalta Roberto Bomfim.
O charque (carne do ceará) era exportada para Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro e Bahia
Expedição
15 Dias é a previsão do tempo de filmagens do documentário "Charqueadas". A equipe partiu de Icó e deve seguir pelas rotas dos vaqueiros margeando os Rios Salgado e Jaguaribe
Fonte: Diário do Nordeste

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